sábado, 3 de dezembro de 2011

Dançar forró e Pedagogia: hã?


Todos os anos a nossa escola participava do circuito de apresentações de quadrilha na época de São João. Nos apresentávamos no Iate Clube. No início eu adorava. Às vezes, não gostava ou implicava com algum coleguinha que a professora “empurrava” para dançar comigo. Às vezes, eram meninos com quem não tinha muitas afinidades e, por isso, estranhava. Normal. O problema foi quando, aos 11 anos, minha mãe ainda queria que eu dançasse quadrilha e eu já me achava grande. Não queria dançar de forma alguma. Fui apulso. Uma dificuldade enorme até mesmo nos ensaios. Para começar, colocaram um menino maior que eu e de outra turma. Muito sério e eu, como sempre, muito risonha. Não gostava de gente sem graça. Rotulei o guri como “sem senso de humor” e me recusei a dar a mão a ele. Não lembro quantas horas a professora teve que passar para me convencer a segurar na mão do pobre garoto. Apenas o que eu sabia é que “ele era da turma dos grandes”, o que queria dizer “ele não deveria estar aqui com as crianças menores”. A professora cismou que, pela altura, ele era o garoto certo para ser meu parceiro. Depois de muita resistência e trabalho pedagógico, estamos lá ensaiando e ainda pensava “o quê estou fazendo de mãos dadas com esse menino?”. Algumas músicas depois, vou me soltando e entrando no clima do “anarriê!”. Tem que gritar mesmo, fazer o quê? E, de repente, estava enturmada com ele. Aquele pré-conceito bobo se diluiu em alguns passos. (O que não gostei muito foram das botas com detalhes coloridos, que hoje não deixaria colocarem em mim). O dia da apresentação foi legal, elogiaram muito nós dois dançando e, realmente, senti-me feliz ao dançar com ele e acho que o mesmo aconteceu. Porém, estava triste porque, na verdade, queria ter ficado ao lado do meu primeiro amor, o Michel, mais baixo do que eu e, infelizmente, isso não foi possível. Na hora de bater as fotos, sentia uma angústia, um aperto em meu coração... como queria que ele estivesse ali. Mas, como sempre, a vontade dos meus pais e dos outros deveria prevalecer. E, sorrindo por fora, com o coração partido por dentro, bati uma foto ao lado do meu pai.


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